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Os grandes desafios do trabalho remoto

Ainda estamos longe do momento em que será possível, de forma ampla, construir uma cultura realmente forte com uma equipe completamente remota .

Recentemente, empresas como Meta, Amazon e XP divulgaram que o trabalho 100% remoto afetou negativamente os seus resultados. Centenas de empresas que instituíram home-office durante a pandemia e que mantiveram este modelo ao longo dos últimos anos agora começam a rever algumas dessas políticas.


Esse movimento não me surpreende. Durante a pandemia, quando falar de home-office virou (mais um) modismo, vimos muitas dessas empresas anunciando que jamais voltariam aos escritórios e que seriam "para sempre" empresas funcionado remotamente. E desde aquele momento de euforia, defendi que um modelo 100% home-office é praticamente inviável.

Ainda estamos longe do momento em que será possível, de forma ampla, construir uma cultura realmente forte com uma equipe completamente remota. Acredito que até poderemos chegar lá um dia, mas os processos, mentalidade e ferramentas ainda precisam evoluir significativamente e a dinâmica do 100% remoto, hoje, ainda é aplicável a uma quantidade muito pequena de empresas.

Por outro lado, é difícil acreditar que, simplesmente, voltaremos para o mundo pré-pandemia, com equipes 100% presenciais. Sim, isso ainda acontece em algumas empresas, mas será cada vez mais raro. Depois que experimentamos o home-office, é difícil convencer muitos funcionários, principalmente aqueles que demoram 1 a 2 horas para chegar ao trabalho, que ir para o escritório é realmente necessário. A verdade é que estamos em um momento de busca por equilíbrio.

O fato de que muitas empresas de tecnologia como Meta, Amazon e XP estejam descontentes com o home-office coincide com o momento das empresas de tecnologia como um todo. O crescimento a qualquer custo agora deu lugar a uma busca por eficiência e, para os gestores dessas companhias, é mais fácil buscar eficiência com os funcionários dentro do escritório.

Não existe fórmula mágica e nem receita de bolo. Existem grandes exemplos de empresas que atuam de forma remota há muito tempo, até antes da pandemia, e que são negócios gigantes e sólidos, como Automattic e GitLab. Mas penso que essas empresas são pontos fora da curva.

No curto e médio prazo, continuo acreditando no modelo híbrido. É muito difícil forçar todos os talentos a estar no escritório 5 dias por semana, ao mesmo tempo em que é difícil construir uma cultura forte sem as pessoas convivendo e se olhando olho no olho e ao vivo.

Ainda estamos descobrindo como chegar lá. Nas empresas em que estou mais envolvido, tenho exemplos distintos. No AAA Inovação, conseguimos criar um modelo que funciona 100% remoto com efetividade e alta performance, mas para isso, criamos rituais e encontros presenciais - que embora raros, são fundamentais - para fortalecer a cultura e essa estratégia tem funcionado bastante bem. Já na ISH Tecnologia, estamos aperfeiçoando um modelo híbrido e a interação presencial entre os times é determinante para o sucesso da empresa, uma vez que em várias atividades cotidianas, a troca e a interação são pré-condições para que possamos fazer avanços significativos e criar valor de longo prazo.


O principal ponto para gestores é ouvir seus funcionários e compatibilizar os anseios identificados com a necessidade da empresa e do negócio, adotando, assim, um modelo que se encaixe melhor para sua indústria e estratégias específicas. O importante é ter consciência de que não existe bala de prata e não existe um modelo superior que seja a solução de todos os problemas, independentemente da indústria e do negócio.