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Ar-condicionado ajuda a espalhar o coronavírus?

A resposta vai depender mais do tipo de aparelho utilizado pela sua empresa do que pela presença dele em si

Medidas de reabertura da economia têm sido iniciadas em diversas partes do país. São Paulo autorizou o retorno gradual de escritórios e concessionárias na última sexta-feira, por exemplo.

No entanto, depois de mais de 80 dias de distanciamento social, as pessoas podem temer um retorno às atividades e, sobretudo, a ambientes fechados e climatizados com ar-condicionado: o aparelho ajudaria a espalhar ou a conter a disseminação do novo coronavírus?

De acordo com reportagem da FastCompany, existem vários fatores a serem considerados. É fato que o ar-condicionado pode permitir a circulação de partículas virais no ar e aumentar a velocidade e a distância que elas percorrem. No entanto, existem também diferentes tipos de sistemas, que circulam o ar de maneiras distintas.

Ainda assim, médicos e especialistas concordam que, embora seja possível, há poucas evidências de que o ar-condicionado seja um grande vilão para a infecção. Alguns tipos podem, pelo contrário, ser uma ferramenta eficaz para mitigar a propagação.

A contaminação pelo coronavírus se dá, principalmente, por micropartículas transmitidas pelo contato. "Se uma dose infecciosa do vírus puder pairar no ar por tempo suficiente para ser ‘recirculada’ pelo ar-condicionado, isso poderá ajudar na transmissão ", diz William Schaffner, professor de medicina preventiva e doenças infecciosas no Centro Médico da Universidade Vanderbilt.

Ele reitera, no entanto, que até agora há poucas evidências de contaminação provocada por estes meios. O que também pode ser fruto de uma falta de estudos a respeito do tema.

Há um estudo em andamento sobre um restaurante em Guangzhou, na China, que já praticava o distanciamento social em 24 janeiro, quando recebeu uma visitante contaminada de Wuhan. Até o dia 5 de fevereiro, nove pessoas que estavam no recinto testaram positivo para Covid-19.

Os pesquisadores concluíram que, "neste surto, a transmissão de gotículas foi motivada pela ventilação com ar-condicionado". A teoria é que a força do forte fluxo de ar do ar-condicionado no restaurante impulsionou grandes gotículas respiratórias mais rapidamente.

No entanto, há outro estudo sobre o mesmo caso que diverge sobre a rota de vento proporcionada pelo ar-condicionado e diz que a disseminação possa ter se dado justamente pela falta de ventilação, o que potencializa a contaminação por aerossol. Nesse caso, os riscos são muito maiores se não houver chance de partículas de vírus no ar escaparem por uma janela ou exaustor ou serem diluídas por um sistema de ar de alta qualidade (ou correntes de ar externas).

Ou seja, quando o ar-condicionado é do tipo que não traz ar fresco do exterior para diluir e reabastecer o ar interno e apenas esfria e recircula constantemente o ar atual, o risco é maior. Essa é uma preocupação em locais públicos que usam apenas um equipamento e que têm maior densidade de pessoas.