Rua Francisco Nunes, 1224, Testing - Prado Velho, Curitiba/BA
  • (41) 3079-6299
  • (41) 98832-9190
  • (1) 1
  • (1) 1
  • (1) 1

Mais do que prestação de serviços...

Uma parceria!

Inflação em alta mexe com o bolso até das classes A e B

Pesquisa da Fiesp revela que escalada do IPCA alterou os hábitos de consumo também das famílias de posição social mais alta.

Troca de produtos por marcas mais baratas, redução das idas a restaurantes, menor frequência a salões de beleza e até desistência da compra de eletrodomésticos. Esses são alguns dos novos hábitos de consumo que as famílias brasileiras, até mesmo as das classes A e B, passaram a adotar a partir da escalada da inflação, que deve chegar bem próxima dos 9% agora em junho, conforme apontam especialistas. 

No acumulado dos 12 meses até maio, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou alta de 8,47%. Mas o IPCA a ser divulgado amanhã pelo IBGE deve mostrar nova elevação mensal, de 0,80% a 0,85%, o que fará o índice dos 12 meses atingir o patamar de 8,9%. Ontem, em nova projeção semanal de analistas do mercado, o Boletim Focus do Banco Central (BC) apontou que a inflação no fim do ano deve atingir os 9,04%. 

“Passagens aéreas, jogos lotéricos e uma parte dos alimentos in natura devem puxar o indicador de junho para uma alta entre 0,80% e 0,85%. Sem falar que a energia, embora em proporção menor comparada a dos outros meses, deve registrar uma variação de 2%”, observa o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre) André Braz. 
“Vamos encostar nos 9%, chegando aos 8,94% nos 12 meses, influenciado pela pressão que o dólar e o aumento da energia elétrica devem fazer sobre os alimentos”, salienta o economista da Austin Rating, Wellington Ramos. 

Com o aumento do peso da inflação sobre o bolso do consumidor, a mudança de comportamento parece ser a saída comum a todos os brasileiros, sem distinção de classe social. Segundo pesquisa realizada pela Ipsos, a pedido da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), 81% dos 1.200 entrevistados perceberam significativos aumentos de preços nos últimos seis meses e alteraram suas prioridades na hora da compra. 

Essa mesma sensação foi captada, também, por 81% dos entrevistados que compõem as classes AB. A maior pressão da inflação sobre o orçamento para esse perfil de consumidor veio do grupo alimentos e bebidas, apontado por 87% dos brasileiros consultados pela pesquisa. Logo atrás estão os gastos com energia elétrica e transporte, que inclui além do transporte público, os gastos com combustível e veículo próprio. 

A percepção dos entrevistados está em linha com os dados do IBGE. Em maio, a inflação dos alimentos e bebidas atingiu alta de 8,80% nos 12 meses, segundo o IPCA. A energia elétrica chegou à maior variação acumulada, de 58,47%. Já a gasolina avançou em 10,92%. 

“O nível de inflação que convivemos hoje representa uma piora na condição de vida no cidadão. O brasileiro é consciente disso e, por isso, muda seus hábitos para conviver com esse aumento de custos”, afirma o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini. 

Na prática, boa parte das classes AB têm preterido a marca pelo preço (48%) na hora das compras. Na classe C, o percentual de pessoas que têm escolhido o produto mais barato é de 52%, e na DE de 49%. Mas é na redução dos gastos com serviços que se faz sentir a maior mudança nos hábitos das famílias de nível social mais alto. 

Dos entrevistados desse grupo, 34% disseram que reduziram a alimentação fora de casa. Enquanto que o percentual nas classes C e DE foi de 24% e 23%, respectivamente. Quanto ao consumo de serviços pessoais, como manicure, 15% dos entrevistados das classes AB reduziram esse tipo de despesa. Percentual superior ao das demais classes, sendo 11% na C e 8% na D. 

Outra mudança de hábitos está no consumo de energia elétrica. Até as famílias das classes AB (37%) desistiram de comprar eletrodomésticos por causa do aumento no preço da energia. Entre os entrevistados da classe C, o percentual foi inferior, de 34%, já o da DE ficou em 43%. 

Segundo Francini, pela primeira vez a Fiesp demanda uma pesquisa dessa natureza. “Em outros anos, não era tão claro que vivenciávamos um período de inflação superior ao aumento de renda e que representa uma restrição ao orçamento das famílias”,avalia Francini. 

Para classificar as classes em AB, C e DE, a pesquisa seguiu a definição estabelecida pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas (Abep). A metodologia agrupa os entrevistados conforme o grau de instrução do chefe de família, a existência de serviços públicos na moradia e no bairro, como sistema de água e esgoto, e a quantidade de bens, como eletrodomésticos, eletrônicos e automóveis, além do número de banheiros na residência.