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Esgotamento profissional deve ser tratado

A chamada síndrome de Burnout é real e pode atrapalhar no rendimento e tomadas de decisões do trabalhador; sintomas precisam ser avaliados

É garantido pela Constituição Federal a todo o trabalhador o direito à dignidade da pessoa humana, o valor social do trabalho e da livre iniciativa, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária e a prevalência dos direitos humanos. Portanto, por lei, o profissional deve ter um ambiente de trabalho saudável tanto do ponto de vista físico quanto mental. Mas isso nem sempre acontece, e por isso muitos profissionais sentem-se presos ao trabalho e, principalmente no final do ano, começam a reavaliar a vida e empregos e se veem em uma situação até mesmo de depressão, sem saber o que fazer, por qual caminho seguir e acabam sentindo a síndrome do esgotamento profissional – chamada de síndrome de Burnout. Se o trabalho começar a se transformar em um fardo, causar ansiedade excessiva, descontrole e desgaste emocional, é preciso reavaliar a carreira, empresa ou mesmo cargo ocupado, segundo a doutora em Psicologia, atuando com Saúde e Relações de Trabalho, Eneida Santiago, e tratar o problema. 

Segundo ela, o que muitos podem considerar apenas como "estresse de final de ano", ou mesmo "cansaço antes das sonhadas férias", a síndrome de Burnout é real, reconhecida e estudada há vários anos no Brasil e em outros países, mas deve ser diagnosticada por um profissional habilitado - médico ou psicólogo, por exemplo. "O Burnout pode ser compreendido como uma reação do trabalhador diante de um contexto de trabalho extenuante, difícil ou demasiadamente exigente ou desgastante, levando este trabalhador a viver uma percepção de que, independentemente, do que ele fizer ou se dedicar, o resultado não produzirá bons resultados ou reconhecimento, elogios, satisfação, etc", explica a psicóloga. 

Ou seja, a síndrome do esgotamento profissional é consequência de um encontro onde a relação entre o trabalhador e o trabalho está complicado, descompassado. "Assim qualquer melhora deve envolver também as duas partes, trabalho e trabalhador. Se somente o trabalhador tentar resolver ele vai esbarrar no limite de coisas estressantes e difíceis no trabalho, sobre a qual nada poderá fazer." 

Em alguns casos, há indicação do uso de remédios, mas somente um médico pode fazer essa avaliação. "Também é fundamental analisar a situação de forma ampla, sem culpar de cara o trabalhador e esperar que ele resolva isso sozinho. Mas se você tem um departamento de uma empresa em que vários trabalhadores apresentam sintomas de Burnout, isso é um indicativo bem forte de que muito pouco os trabalhadores vão poder fazer para mudar as coisas, a empresa por meio do Recursos Humanos deve estudar a questão e fazer algo", ressalta. Em casos extremos, apenas uma mudança profissional ou mesmo de carreira podem resolver o problema. 

A psicóloga também dá dicas de alguns comportamentos que o trabalhador pode ter para enfrentar a síndrome: "Conversar sobre o que se passa com ele falando com sua chefia e os colegas de trabalho, tentando pensar em ações que possam melhorar as condições de trabalho de todos, conversar com a família e amigos sobre o que se passa, e claro, se for sério o que acontece o trabalhador deve procurar ajuda profissional para conversar e conseguir apoio". Outra dica é procurar atividades prazerosas para fazer fora do horário de trabalho, como sair com amigos, fazer uma atividade física, atividades relaxantes, segundo ela. "Se no trabalho está difícil, fazer coisas prazerosas fora do trabalho vai equilibrar um pouco todo o estresse sofrido no trabalho", salienta. "Descansar, tirar férias regularmente, não fazer tantas horas extras são outras dicas. O que fazemos fora do trabalho é fundamental e de grande impacto em como somos no trabalho", finaliza.