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Inflação de 1% em janeiro

O único alívio esperado pode vir dos alimentos in natura (verduras, frutas e legumes), cujo encarecimento surpreendeu os especialistas.

A inflação não dará trégua aos consumidores tão cedo. Foi o que avisou ontem o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), Paulo Picchetti, ao detalhar os reajustes nos últimos 30 dias captados pela Fundação Getulio Vargas (FGV). A segunda prévia do indicador de janeiro apontou alta de 0,89% (ante 0,77% da primeira), indicando que a taxa final do mês será de pelo menos 1%. “Por enquanto, o índice claramente caminha para isso”, afirmou. O único alívio esperado pode vir dos alimentos in natura (verduras, frutas e legumes), cujo encarecimento surpreendeu os especialistas.

Os reajustes de preços estão disseminados — não se concentram apenas nas gôndolas dos supermercados, onde a inflação é mais visível, sobretudo pela população mais pobre, que gasta o grosso do salário com comida. Os cursos de ensino fundamental apontaram aumentos médios de 5,21% nos primeiros dias de janeiro e os de ensino superior, 2,99%. Com isso, o grupo educação, leitura e recreação apontou aumento médio de 2,09%.

Os cigarros, com alta de 7,22%, puxaram a inflação do grupo despesas diversas, cujos reajustes médios passaram de 2,20%, na primeira prévia do IPC-S, para 3,24%. No grupo alimentação, houve aceleração de 1,57% para 1,78%, devido à disparada de 11,2% nos preços das hortaliças e dos legumes. Somente o tomate aumentou 16,3%, a batata-inglesa, 16,6%, e a alface, 8,15%. Segundo Picchetti, se as pressões de aumento dos cursos e dos cigarros já estavam nas contas, o resultado dos in natura foi uma surpresa desagradável. “A culpa é do clima. É o que acontece essencialmente em janeiro, com chuvas demais e, às vezes, de menos a afetar a oferta. Mas, dificilmente, conseguimos mensurar. A depender de como isso evoluir, pode mexer com nossa previsão de 1% para o mês”, afirmou.

Carros mais caros
Para desespero do governo, os índices de preços já estão captando o fim da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros, móveis e eletrodomésticos — o que poderá levar este a ser o pior janeiro dos últimos 10 anos em termos de inflação. “O fim da isenção de IPI para alguns bens duráveis já mostra efeito sobre os indicadores”, avaliou Picchetti. Os automóveis novos saíram de uma queda de 0,10%, na primeira prévia do 
IPC-S, para uma alta de 0,49%. No caso dos móveis, a evolução foi de baixa de 0,32% para um aumento de 0,43% e, dos eletrodomésticos, de 0,14% para 0,61%. 

Não à toa, o governo adiou ao máximo o reajuste dos combustíveis e pediu aos prefeitos de São Paulo e Rio de Janeiro para só aumentarem as tarifas de ônibus no meio do ano.