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Experiência não é vício

Não existe país desenvolvido de brincadeira, desenvolvimento não é brinquedo ou produto de anedotas.

Todo pensamento econômico e administrativo relevante para a humanidade condiz com suas épocas e circunstâncias de História, atuação do Estado, Geografia, Demografia, grau de industrialização, estruturas de mercados, relações exteriores etc. Somente no Brasil ele (pensamento) parece ser, em grande medida, derivado de um conjunto de anedotas que formam um falso corolário que ainda persiste e povoa a mente de nossos empresários, notadamente os das pequenas e microempresas.

Considerando-se a presença importante das micro e pequenas empresas na constituição do PIB (cerca de 70% na geração de empregos - IBGE), portanto: na geração de rendas, muito precisa ser feito para arejar algumas mentes ou prepararmos melhor a próxima geração de empresários. Um desses falsos corolários : "Não contrato ninguém com experiência, pois não quero empregados com vícios, quero gente sem experiência." Na realidade, confundem (porque a ignoram) experiência profissional com vícios, ou seja, no Brasil do século XXI continua a imperar um pensamento que bem poderia ser do século XIX : experiência profissional é demérito.

Poderíamos incorporar esse pensamento ou prática empresarial no rol das sandices costumeiras observadas no cotidiano das empresas, se não estivéssemos enfrentando escassez de mão de obra qualificada e experiente, logo, essa anedota (não é mais do que isso) poderia figurar nos manuais de piadas de salão.

Lembremo-nos que em nosso País, trabalhar (de fato) já foi considerado ato de desespero, um atestado de pobreza intelectual e "herança" de uma família não tradicional, sem nome.

Não existe país desenvolvido de brincadeira, desenvolvimento não é brinquedo ou produto de anedotas.