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Cooperativo ou competitivo: o que o mercado espera de você

A cooperatividade entre empresas e colaboradores está sendo cada vez mais valorizada no mercado.

Uma das características mais presentes na chamada geração y, de uma forma geral, é a competitividade. Herdamos dos nossos pais o desejo de não deixar passar as oportunidades e buscar o sucesso profissional a todo custo, nem que para isso outras pessoas tenham que ficar para trás.

A era dos concursos, interrompida este ano, foi o ápice da sanha competitiva dos candidatos que almejam uma vaga de emprego estável, o famoso 'lugar ao sol'. Na esfera privada, no entanto, a característica profissional que mais vem sendo bem vista nos últimos anos é a cooperatividade. O profissional desapegado, mais interessado no crescimento coletivo do que no establishment social e profissional, semeador de um bom ambiente de trabalho e camarada de todos é mais interessante para muitas empresas ou setores do que o enjoado que vê nos colegas potenciais inimigos ou obstáculos a serem derrubados.

"Todos são concorrentes, mas isso não quer dizer que toda vez que alguém ganha, outro tem que perder", acredita Fábio Zungman, professor universitário e co-autor do livro "Criatividade sem Segredos". Para ele, o profissional mais atraente para o mercado de trabalho é aquele que sabe a hora de competir e a hora de cooperar, sem ser tão desapegado ao ponto de se tornar ingênuo ou tão perfeccionista que transforme isso numa obsessão.

Zugman relata que, atualmente, com a crescente especialização das atividades e competências individuais, as empresas estão mais focadas no desempenho de equipes ou no valor que um indivíduo pode agregar para uma organização. "Alguém que consegue bons resultados para si, mas prejudica a equipe ou empresa onde trabalha, pode ter resultados bons a curto prazo, porém, mais cedo ou mais tarde alguém perceberá o custo que essa pessoa exerce sobre a organização. A competitividade é desejada, mas não a qualquer preço", explica.

Raízes históricas

Competição e cooperação são características presentes nos seres humanos desde que foram notadas as inúmeras vantagens de uma vida coletiva. Segundo Zugman, Adam Smith (1723 – 1790), cujas teorias se transformaram em pedra fundamental das ciências econômicas modernas, já havia mencionado a cooperatividade em suas doutrinas. Porém, mais tarde, o foco foi desviado para a competitividade.

Zugman destaca que "muitas das novas tecnologias e modelos de negócios que surgiram com o avanço da Internet ajudaram a trazer a cooperação um pouco mais para perto do foco de atenção das empresas. Aqueles que aprenderem as vantagens de cooperar para conseguir melhores resultados com certeza terão uma vantagem no mercado e em seus ambientes de trabalho".

Nem só os resultados importam

Não são apenas os resultados conquistados através do esforço individual que levam a empresa a bonificar o profissional. Adriana Carneiro, gerente de RH da Logica, empresa de TI e gestão de negócios, explica que outros aspectos estão sendo levados em conta. Para ela, "cada vez mais as empresas têm como objetivo o reconhecimento das pessoas que se destacam em um determinado trabalho, levando em consideração não apenas quem atinge as metas, mas também como os clientes, colegas e gerentes avaliam este profissional. Os profissionais com postura colaborativa tendem a ter uma melhor avaliação dos clientes, colegas e gerentes".

Ela também acredita que o perfil competitivo tende a perder espaço. No entanto, não deixa de ser uma característica necessária na vida profissional. "A postura de profissional competitivo é saudável quando não passa por cima de seus próprios valores. O limite dos colegas de trabalho deve ser respeitado para se alcançar os objetivos", diz.

 

Cooperatividade entre empresas

Fábio Zugman explica que a cooperatividade também está presente de forma saudável entre as empresas, uma vez que uma rede de organizações tem mais chances de obter uma fatia maior do mercado do que um único competidor. "Um bom exemplo são os grupos de bancos brasileiros que se associaram para formar as empresas que hoje são a Cielo e Redecard na área de processamento de cartão de créditos. As alianças das companhias aéreas, permitindo compartilhamento de milhas, voos e outros confortos entre passageiros de empresas diferentes também são iniciativas tradicionais de cooperação entre competidores", analisa.